segunda-feira, 30 de maio de 2011

Resposta a Adélia Prado

"O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,

com seus olhos cediços,

põe caco de vidro no muro

para o amor desistir.

O amor usa o correio,

o correio trapaceia,

a carta não chega,

o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,

desembarca do trem,

chega na porta cansado

de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,

pede água, bebe café,

dorme na sua presença,

chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:

é descuidar, o amor te pega,

te come, te molha todo.

Mas água o amor não é." Adélia Prado

Com certeza não era o que tinha imaginado porque sempre imaginou o amor pintado de sangue, esticado de vermelho.
Talvez não fosse assim, simplesmente, e sua farsa teria se tornado realidade.
E era sim água, não sangue.