quinta-feira, 5 de maio de 2011

Francisco Alvim - Coluna

Poço azul ar azul vida azul
a alminha saiu da fazenda dos morcegos
e subiu o córrego
se divertindo com os dois namorados
Morcegos não pousam em narizes
de moças bonitas e medrosas
que atravessam as noites
debaixo das cobertas
só com o nariz de fora
A morte existe? A treva existe?
Não, não existe
O que existe é a luz alucinada nas árvores e na água
na pele dela
dentro da qual ele já viaja
nas costas de uma prainha
rolado como um seixo de rio
verde como a encosta mole dos montes
azul como a névoa azul do céu azul
viaja
tão à vontade e certo de que
as brancas colunas da Acrópole
quando vistas contra o céu azul
não seriam tão belas quanto o dorso
dela

(Pacote de Poesia)