segunda-feira, 23 de maio de 2011

Carta para mim (acordes de sangue)

Você vai fingir que é leve.
Vai fingir que desconhece o amor.
Que nem nunca ouviu coisa parecida.
Você vai dobrar sua raiva e  esticar a calma sobre a mesa,
sobre a cama,
a mesma que um dia guardou teus sonhos, teus segredos.
Você vai encobrir tudo com um veludo negro, para não esbarrar nem cair sobre os teus pertences.
No final da tarde você vai chegar em casa e desabar sobre o veludo,
como é de costume, como você faz todas as tardes.
Mas na manhã seguinte, de cara limpa, você trará o esboço de um sorriso. 
E vai dançar a música que escolheram para tí.
E vai dizer que é dádiva.
Vai dizer que é leve,
Que é sem dor.