A existência da norma provoca o primeiro impulso para o desvio da norma, para a abolição da norma, assim como a evidência de uma certeza é entregue aos deleites da dúvida e tudo se encerra em uma resolução dialética de progressão infinita. Mais do que um magnetismo que pretende os avessos, haveria um propósito nessa tendência paradoxal, que se não é simetricamente antagonista apresenta, ao menos, conflitos de numerosas peculiaridades materializadas em algumas curiosas ocasiões?
Como aquele menino que começou a roubar para levar uma vida mais honesta, como aquela moça que decidiu virar prostituta porque aquela fora a única forma com que ela tinha conhecido o amor, como aquele homem que de tão sábio admitiu que não compreendia nada, ou como naquele poema do Quintana que falava de um homem que era tão santo, mas tão santo, que se comprometeu a pecar pois julgou não merecer o céu.