quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Axé, Ori
Axé: Força
Poder
Fundamento
Vitalidade
Segurança
"Eniyan Ko Fe Fi Eru fi aso, Ori eni ni so ni"
As pessoas não querem que você sobreviva,
mas o seu Ori trabalha para você.
Força interior, apesar das dificuldades.
Ori = desejo, sabedoria (Ego)
Orixá = caminho, energia pura
Poder
Fundamento
Vitalidade
Segurança
"Eniyan Ko Fe Fi Eru fi aso, Ori eni ni so ni"
As pessoas não querem que você sobreviva,
mas o seu Ori trabalha para você.
Força interior, apesar das dificuldades.
Ori = desejo, sabedoria (Ego)
Orixá = caminho, energia pura
terça-feira, 18 de novembro de 2014
domingo, 16 de novembro de 2014
Partículas de Amor
Ao te conhecer, desacreditei
Como pode uma mulher assim?
Toda solar, me derreteu
Virei água do mar, evaporei
Agora eu sou partículas de amor
Vento que sopra na crista
Bolha de espuma replica
Onde você estiver, eu estarei
Maresia no ar há te acompanhar
L. Santana
Como pode uma mulher assim?
Toda solar, me derreteu
Virei água do mar, evaporei
Agora eu sou partículas de amor
Vento que sopra na crista
Bolha de espuma replica
Onde você estiver, eu estarei
Maresia no ar há te acompanhar
L. Santana
terça-feira, 11 de novembro de 2014
um útero é do tamanho de um punho
porque uma mulher boa
é uma mulher limpa
e se ela é uma mulher limpa
ela é uma mulher boa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre duas patas
a mulher era braba e suja
braba e suja e ladrava
porque uma mulher braba
não é uma mulher boa
e uma mulher boa
é uma mulher limpa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre duas patas
não ladra mais, é mansa
é mansa e boa e limpa
Angélica Freitas
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Espírito do meu temporal
Eu sou o sangue
Eu sou o demônio
Eu sou a anemia
Eu não renasci,
Apenas forcei coragem.
Eu sou o sol
Eu sou a falta de energia,
Eu sou a insistência.
Eu venço porque sou.
Eu sou o demônio
Eu sou a anemia
Eu não renasci,
Apenas forcei coragem.
Eu sou o sol
Eu sou a falta de energia,
Eu sou a insistência.
Eu venço porque sou.
J. Lira Corrêa
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
terça-feira, 21 de outubro de 2014
domingo, 19 de outubro de 2014
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Qual febre é a febre que me queima esta noite?
cada dia o mais longo passo de uma eternidade
no sonho eu digo:
-Quem ousa usar um dos meus múltiplos nomes?
falava também de anjos mas sem saber seu significado
Vertical como um sol eu me erguerei
guardarei no íntimo a minha lua
eu sei a febre que me queima
só não sei de onde veio nem porquê
e temo, por isso também guardo a minha lua
no peito, no pátio mais escuro
onde não posso ver.
10.09.2014
cada dia o mais longo passo de uma eternidade
no sonho eu digo:
-Quem ousa usar um dos meus múltiplos nomes?
falava também de anjos mas sem saber seu significado
Vertical como um sol eu me erguerei
guardarei no íntimo a minha lua
eu sei a febre que me queima
só não sei de onde veio nem porquê
e temo, por isso também guardo a minha lua
no peito, no pátio mais escuro
onde não posso ver.
10.09.2014
terça-feira, 14 de outubro de 2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
Alguns hoje me falam:
Eclipse Lunar!
Telepatia!
Quinta Dimensão!
Tivesse meu terceiro olho bem aberto
veria todos
os tais eventos
Uma vela para Iansã!
Outra vela para Oxalá!
Com meus pés saúdo a terra
Com minhas mãos saúdo o ar
Na água , na erva,
e três baforadas de bom tabaco
Três toques no chão
um na testa, um na nuca, um na lateral da cabeça
e dentro dela , mais ainda:
um turbilhão de provações.
Eclipse Lunar!
Telepatia!
Quinta Dimensão!
Tivesse meu terceiro olho bem aberto
veria todos
os tais eventos
Uma vela para Iansã!
Outra vela para Oxalá!
Com meus pés saúdo a terra
Com minhas mãos saúdo o ar
Na água , na erva,
e três baforadas de bom tabaco
Três toques no chão
um na testa, um na nuca, um na lateral da cabeça
e dentro dela , mais ainda:
um turbilhão de provações.
domingo, 5 de outubro de 2014
sábado, 4 de outubro de 2014
Acalanto - W. H. Auden
"Pousa, amor, a cabeça sonolenta,
Humana sobre o meu braço inconstante;
A beleza das crianças pensativas
Tempo e febres consomem lentamente
E cabe à tumba mostrar quão efêmeras
Essas mesmas crianças vêm a ser:
Mas que em meu braço , até que nasça o dia,
Possa repousar a viva criatura,
Mortal e culpada, e , no entanto, para
Mim a coisa mais bela de se ver.
Nem a alma nem o corpo têm amarras:
Para os amantes , quando eles se deitam
No seu declive indulgente e encantado,
Tomados de languidez costumeira,
Intensa é a visão que Vênus manda
De uma simpatia sobrenatural,
De esperança e amor generalizdo;
[...]
Certeza e fidelidade se estiolam
Quando bate meia-noite o relógio
Como se fossem vibrações de um sino,
E lançam seu pedante palavratório,
Aos gritos, os delirantes em voga:
Os últimos centavos a pagar
- Assim o prevê o baralho mofino -
Serão saldados: porém, desta noite,
Que não se perca nenhum pensamento
Nenhum suspiro, nenhum beijo ou olhar.
A beleza, a meia-noite e a visão morrem:
Deixa os ventos do amanhecer, que sopram
Suaves em tua sonhadora cabeça,
Exibirem um dia de tal forma
Propício que o olho e o coração o saúdem,
Satisfeitos com o mundo mortal;
Quer a secura mediana te veja
Nutrida pela força involuntária
E permita-te ir noite adversária
Guardada pelo amor universal."
Humana sobre o meu braço inconstante;
A beleza das crianças pensativas
Tempo e febres consomem lentamente
E cabe à tumba mostrar quão efêmeras
Essas mesmas crianças vêm a ser:
Mas que em meu braço , até que nasça o dia,
Possa repousar a viva criatura,
Mortal e culpada, e , no entanto, para
Mim a coisa mais bela de se ver.
Nem a alma nem o corpo têm amarras:
Para os amantes , quando eles se deitam
No seu declive indulgente e encantado,
Tomados de languidez costumeira,
Intensa é a visão que Vênus manda
De uma simpatia sobrenatural,
De esperança e amor generalizdo;
[...]
Certeza e fidelidade se estiolam
Quando bate meia-noite o relógio
Como se fossem vibrações de um sino,
E lançam seu pedante palavratório,
Aos gritos, os delirantes em voga:
Os últimos centavos a pagar
- Assim o prevê o baralho mofino -
Serão saldados: porém, desta noite,
Que não se perca nenhum pensamento
Nenhum suspiro, nenhum beijo ou olhar.
A beleza, a meia-noite e a visão morrem:
Deixa os ventos do amanhecer, que sopram
Suaves em tua sonhadora cabeça,
Exibirem um dia de tal forma
Propício que o olho e o coração o saúdem,
Satisfeitos com o mundo mortal;
Quer a secura mediana te veja
Nutrida pela força involuntária
E permita-te ir noite adversária
Guardada pelo amor universal."
Lullaby
"Lay your sleeping head, my love,
Human on my faithless arm;
Time and fevers burn away
Individual beauty from
Thoughtful children, and the grave
Proves the child ephemeral:
But in my arms till break of day
Let the living creature lie,
Mortal, guilty, but to me
The entirely beautiful.
Soul and body have no bounds:
To lovers as they lie upon
Her tolerant enchanted slope
In their ordinary swoon,
Grave the vision Venus sends
Of supernatural sympathy,
Universal love and hope;
While an abstract insight wakes
Among the glaciers and the rocks
The hermit’s carnal ecstasy.
Certainty, fidelity
On the stroke of midnight pass
Like vibrations of a bell,
And fashionable madmen raise
Their pedantic boring cry:
Every farthing of the cost,
All the dreaded cards foretell,
Shall be paid, but from this night
Not a whisper, not a thought,
Not a kiss nor look be lost.
Beauty, midnight, vision dies:
Let the winds of dawn that blow
Softly round your dreaming head
Such a day of welcome show
Eye and knocking heart may bless,
Find the mortal world enough;
Noons of dryness find you fed
By the involuntary powers,
Nights of insult let you pass
Watched by every human love."
terça-feira, 30 de setembro de 2014
To com saudade de tu , meu desejo
"To com saudade de tu, meu desejo
To com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
de passear no teu céu.
É tão dificil ficar sem você
o teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
e quando estou com você
estou nos braços da paz."
Dominguinhos
To com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
de passear no teu céu.
É tão dificil ficar sem você
o teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
e quando estou com você
estou nos braços da paz."
Dominguinhos
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
domingo, 21 de setembro de 2014
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
domingo, 31 de agosto de 2014
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Aí vem ela chegando
- réstia de sol em meio ao vazio da tarde-
Vem ela também:
- Vem, preta, vem!
Relato de um náufrago no meio da tarde
uma réstia de sol
arrastando cadeiras
perseguindo o sol.
Daí que eu esqueci que tinha louça pra lavar
e de passar no mercado e comprar pão
Eu esqueci que não só a tarde
mas a vida (ela também) passa
como uma tarde,
uma réstia de sol.
- réstia de sol em meio ao vazio da tarde-
Vem ela também:
- Vem, preta, vem!
Relato de um náufrago no meio da tarde
uma réstia de sol
arrastando cadeiras
perseguindo o sol.
Daí que eu esqueci que tinha louça pra lavar
e de passar no mercado e comprar pão
Eu esqueci que não só a tarde
mas a vida (ela também) passa
como uma tarde,
uma réstia de sol.
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
terça-feira, 19 de agosto de 2014
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
domingo, 17 de agosto de 2014
"Lucas, sus luchas con la Hidra" - Júlio Cortázar
"Ahora que se va poniendo viejo se da cuenta que no esta facil matarla.
Ser
una hidra es fácil, pero matarla no, porque se bien hay que matar la
hidra cortandole sus numerosas cabezas (de siete a nueve según los
autores o bestiários consultables) , es preciso dejarle por lo menos
una,puesto que la hidra es el mismo Lucas y lo que quisiera es salir de
la hidra pero quedarse en Lucas, pasar de lo poli a lo unicéfalo. Ahí
te quiero ver, dice Lucas envidiándolo a Heracles que nunca tuvo tales
problemas con la hidra y que despúes de entrarle a manoble limpio la
dejo como una vistosa fuente de la que brotaban siete o nueve juegos de
sangre. Una cosa es matar a la hidra y otra ser esssa hidra que alguna
vez fue solamente Lucas y quisiera volver a serlo.[...]"
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Salve Jorge
"Pois com sua sabedoria e coragem
Mostrou que com uma rosa
E o cantar de um passarinho
Nunca nesse mundo se está sozinho
Mostrou que com uma rosa
E o cantar de um passarinho
Nunca nesse mundo se está sozinho
Salve Jorge"
domingo, 10 de agosto de 2014
sábado, 9 de agosto de 2014
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Ponto de umbanda
Pois cada passo que dou
é uma vitória a galgar
e de joelhos em terra
sempre louvarei à meu pai Oxalá
é uma vitória a galgar
e de joelhos em terra
sempre louvarei à meu pai Oxalá
domingo, 3 de agosto de 2014
sábado, 2 de agosto de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
domingo, 27 de julho de 2014
dúvida
"Nada está perdido ou pode ser perdido.
O corpo, indolente, velho, friorento... as cinzas deixadas pelas chamas
passadas... arderão novamente."
Walt Whitman
sexta-feira, 25 de julho de 2014
quinta-feira, 24 de julho de 2014
quarta-feira, 23 de julho de 2014
segunda-feira, 21 de julho de 2014
domingo, 20 de julho de 2014
A menina apareceu grávida de um gavião.
Veio falou para a mãe: O gavião me desmoçou.
A mãe disse: Você vai parir uma árvore para
a gente comer goiaba nela.
E comeram goiaba.
Naquele tempo de dantes não havia limites
para ser.
Se a gente encostava em ser ave ganhava o
poder de alçar.
Se a gente falasse a partir de um córrego
a gente pegava murmúrios.
Não havia comportamento de estar.
Urubus conversavam auroras.
Pessoas viravam árvore.
Pedras viravam rouxinóis.
Depois veio a ordem das coisas e as pedras
têm que rolar seu destino de pedra para o resto
dos tempos.
Só as palavras não foram castigadas com
a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites.
Manoel de Barros
Imagem: Miró
quinta-feira, 17 de julho de 2014
terça-feira, 15 de julho de 2014
domingo, 13 de julho de 2014
quinta-feira, 10 de julho de 2014
"Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu
instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até
de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em
mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo
porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para
suspender. Este livro é a minha cobardia."
Fernando Pessoa - Bernardo Soares
quarta-feira, 2 de julho de 2014
O segredo
O meu maior problema é que vejo almas em todos os lugares, e absolutamente, à todo o tempo!
Nos livros leio a alma de cada palavra, de cada símbolo, ergo meu olhar e vejo a alma de todos os objetos à meu alcance, olho para meus semelhantes, são abismos de almas infindas, infinitas, que nunca se ajeitam em uma coisa só, ou em seu próprio corpo. E por último, olho para mim mesma no espelho, e me pego em imensa vertigem - evito o olhar que possa ser talvez, minha última perdição: de saber-se ser e estar em todas as coisas ao mesmo tempo, por todas as eras, em todos os lugares.
Nos livros leio a alma de cada palavra, de cada símbolo, ergo meu olhar e vejo a alma de todos os objetos à meu alcance, olho para meus semelhantes, são abismos de almas infindas, infinitas, que nunca se ajeitam em uma coisa só, ou em seu próprio corpo. E por último, olho para mim mesma no espelho, e me pego em imensa vertigem - evito o olhar que possa ser talvez, minha última perdição: de saber-se ser e estar em todas as coisas ao mesmo tempo, por todas as eras, em todos os lugares.
terça-feira, 1 de julho de 2014
segunda-feira, 30 de junho de 2014
sexta-feira, 27 de junho de 2014
domingo, 22 de junho de 2014
quinta-feira, 19 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
Canto à imagem que se vai da areia, dos índios do novo México
"Para que eu me cure,
o feiticeiro pintou,
no deserto, tua imagem:
teus olhos são de areia dourada,
de areia vermelha é agora tua boca,
de areia azul são teus cabelos
e minhas lágrimas são de areia branca.
Todo o dia pintou.
Crescias como uma deusa
sobre a imensidão da tela amarela.
O vento da noite dispersará a tua sombra
e as cores da tua sombra.
Segundo a lei antiga, nada me restará.
Nada, a não ser o resto de minhas lágrimas,
areias de prata."
Eduardo Galeano - Memória do fogo
o feiticeiro pintou,
no deserto, tua imagem:
teus olhos são de areia dourada,
de areia vermelha é agora tua boca,
de areia azul são teus cabelos
e minhas lágrimas são de areia branca.
Todo o dia pintou.
Crescias como uma deusa
sobre a imensidão da tela amarela.
O vento da noite dispersará a tua sombra
e as cores da tua sombra.
Segundo a lei antiga, nada me restará.
Nada, a não ser o resto de minhas lágrimas,
areias de prata."
Eduardo Galeano - Memória do fogo
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Senhor Cidadão - Tom zé
"Senhor cidadão
senhor cidadão
Me diga, por quê
me diga por quê
você anda tão triste?
tão triste
Não pode ter nenhum amigo
senhor cidadão
na briga eterna do teu mundo
senhor cidadão
tem que ferir ou ser ferido
senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
que vida amarga.
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantas mortes no peito,
com quantas mortes no peito
se faz a seriedade?
Senhor cidadão
senhor cidadão
eu e você
eu e você
temos coisas até parecidas
parecidas:
por exemplo, nossos dentes
senhor cidadão
da mesma cor, do mesmo barro
senhor cidadão
enquanto os meus guardam sorrisos
senhor cidadão
os teus não sabem senão morder
que vida amarga
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
se a tesoura do cabelo
se a tesoura do cabelo
também corta a crueldade
Senhor cidadão
senhor cidadão
Me diga por que
me diga por que
Me diga por que
me diga porque"
senhor cidadão
Me diga, por quê
me diga por quê
você anda tão triste?
tão triste
Não pode ter nenhum amigo
senhor cidadão
na briga eterna do teu mundo
senhor cidadão
tem que ferir ou ser ferido
senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
que vida amarga.
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantas mortes no peito,
com quantas mortes no peito
se faz a seriedade?
Senhor cidadão
senhor cidadão
eu e você
eu e você
temos coisas até parecidas
parecidas:
por exemplo, nossos dentes
senhor cidadão
da mesma cor, do mesmo barro
senhor cidadão
enquanto os meus guardam sorrisos
senhor cidadão
os teus não sabem senão morder
que vida amarga
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
se a tesoura do cabelo
se a tesoura do cabelo
também corta a crueldade
Senhor cidadão
senhor cidadão
Me diga por que
me diga por que
Me diga por que
me diga porque"
terça-feira, 3 de junho de 2014
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Canção de Guerra dos Incas
"Beberemos no crânio do traidor
e com seus dentes faremos um colar.
De seus passos faremos flautas,
de sua pele faremos um tambor.
Então dançaremos."
Memória do Fogo - E. Galeano
e com seus dentes faremos um colar.
De seus passos faremos flautas,
de sua pele faremos um tambor.
Então dançaremos."
Memória do Fogo - E. Galeano
domingo, 25 de maio de 2014
A magia
"Uma velha muito velha, da aldeia dos tukuna, castigou as moças que lhe haviam negado comida. Durante a noite, arrebatou-lhes os ossos das pernas e devorou-lhes a medula. Nunca mais as moças puderam caminhar.
Lá na infância, pouco depois de nascer, a velha tinha recebido de uma rã os poderes do alívio e da vergonha. A rã tinha ensinado a velha muito velha a curar e a matar, a escutar as vozes que não se ouvem, e a ver as cores que não se veem. Aprendeu a defender-se antes de aprender a falar. Ainda não andava, e já sabia estar onde não estava, porque os raios do amor e do ódio atravessaram de um salto as mais espessas selvas e os rios mais fundos.
Quando os tukuna cortaram sua cabeça, a velha recolheu em suas mãos o próprio sangue e soprou-o para o sol.
- A alma também entra em tí! - gritou.
Desde então, o que mata recebe no corpo, embora não queira nem saiba, a alma de sua vítima."
Memória do Fogo - Eduardo Galeano
Imagem : Diário de Frida Kahlo
Lá na infância, pouco depois de nascer, a velha tinha recebido de uma rã os poderes do alívio e da vergonha. A rã tinha ensinado a velha muito velha a curar e a matar, a escutar as vozes que não se ouvem, e a ver as cores que não se veem. Aprendeu a defender-se antes de aprender a falar. Ainda não andava, e já sabia estar onde não estava, porque os raios do amor e do ódio atravessaram de um salto as mais espessas selvas e os rios mais fundos.
Quando os tukuna cortaram sua cabeça, a velha recolheu em suas mãos o próprio sangue e soprou-o para o sol.
- A alma também entra em tí! - gritou.
Desde então, o que mata recebe no corpo, embora não queira nem saiba, a alma de sua vítima."
Memória do Fogo - Eduardo Galeano
Imagem : Diário de Frida Kahlo
A Pachamama
No planalto andino, mama é a Virgem e mama é a terra e o tempo.
Fica zangada a terra, a mãe terra, a Pachamama, se alguém bebe sem lhe oferecer. Quando ela sente muita sede, quebra a botija e derrama o que está lá dentro.
A ela se oferece a placenta do recém-nascido, enterrando-a entre as flores, para que a criança viva; e para que o amor viva, os amantes enterram cachos de cabelos.
A deusa terra recolhe nos braços os cansados e os maltrapilhos que dela brotaram, e se abre para lhes dar refúgio no fim da viagem. Lá embaixo da terra, os mortos florescem.
Imagem: Frida Kahlo -The Love Embrace of the Universe, the Earth (Mexico), Me, and Senor Xolotl
quinta-feira, 22 de maio de 2014
O nascimento do poema - Adélia Prado
O que existe são coisas,
não palavras. Por isso
te ouvirei sem cansaço recitar em búlgaro
como olharei montanhas durante horas,
ou nuvens.
Sinais valem palavras,
palavras valem coisas,
coisas não valem nada.
Entender é um rapto,
é o mesmo que desentender.
Minha mãe morrendo,
não faltou a meu choro este arco-íris:
o luto irá bem com meus cabelos claros.
Granito, lápide, crepe,
são belas coisas ou palavras belas?
Mármore, sol, lixívia.
Entender me sequestra de palavras e de coisa,
arremessa-me ao coração da poesia.
Por isso escrevo os poemas
pra velar o que ameaça minha fraqueza mortal.
não palavras. Por isso
te ouvirei sem cansaço recitar em búlgaro
como olharei montanhas durante horas,
ou nuvens.
Sinais valem palavras,
palavras valem coisas,
coisas não valem nada.
Entender é um rapto,
é o mesmo que desentender.
Minha mãe morrendo,
não faltou a meu choro este arco-íris:
o luto irá bem com meus cabelos claros.
Granito, lápide, crepe,
são belas coisas ou palavras belas?
Mármore, sol, lixívia.
Entender me sequestra de palavras e de coisa,
arremessa-me ao coração da poesia.
Por isso escrevo os poemas
pra velar o que ameaça minha fraqueza mortal.
(...)
quarta-feira, 21 de maio de 2014
A prova do que é real ou não, é o que eu sinto, não é?
Não importa se há verdade
A realidade não implica em verdade.
Não se sabe nem se a morte nos faz algum favor
se o eterno retorno, retornará mais uma vez
neste mesmo quarto, nesta mesma sala de estar
o mesmo sonho confuso, o mesmo pesadelo
o mesmo reflexo
no mesmo espelho.
Não importa se há verdade
A realidade não implica em verdade.
Não se sabe nem se a morte nos faz algum favor
se o eterno retorno, retornará mais uma vez
neste mesmo quarto, nesta mesma sala de estar
o mesmo sonho confuso, o mesmo pesadelo
o mesmo reflexo
no mesmo espelho.
terça-feira, 20 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
Bucowski
então queres ser um escritor?
se não sai de ti a explodirapesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.
se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.
se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.
não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
— devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.
quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
não há outra alternativa.
e nunca houve.
sexta-feira, 16 de maio de 2014
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