domingo, 8 de junho de 2014

Canto à imagem que se vai da areia, dos índios do novo México

"Para que eu me cure,
o feiticeiro pintou,
no deserto, tua imagem:
teus olhos são de areia dourada,
de areia vermelha é agora tua boca,
de areia azul são teus cabelos
e minhas lágrimas são de areia branca.
Todo o dia pintou.
Crescias como uma deusa
sobre a imensidão da tela amarela.
O vento da noite dispersará a tua sombra
e as cores da tua sombra.
Segundo a lei antiga, nada me restará.
Nada, a não ser o resto de minhas lágrimas,
areias de prata."

















 Eduardo Galeano - Memória do fogo