"Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu
instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até
de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em
mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo
porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para
suspender. Este livro é a minha cobardia."
Fernando Pessoa - Bernardo Soares