Tive vontade de reler Caio Fernando - acontece que a gente nunca se livra da literatura, por mais que queira - mas Caio Fernando pra mim já era ultrapassado, infantil, quiçá ,talvez, não soubesse mais entendê-lo, quiçá não quisesse compreender mesmo. Mudavam minhas perspectivas e o mundo me parecia mais simples embora eu nunca deixasse de ser aquela confusão. Pensava em Leminski: "Para cada bicho de sete-cabeças, há sete sem nenhuma." pensava em dizeres pequenos, mantras, como diziamos, para sustentar-me e não grandes vãs filosofias. Com Manoel comia o ínfimo com farinha, cultivava pequenos jardins que já não sabia mais no que iam dar...pensava em se entregar como se não houvesse modo de perder-me. Já havia me perdido, sempre me perdia. Recostava a cabeça no travesseiro, parecia pesado demais, difícil demais, e sua maior ambição era ser leve! (Como nunca tinha sido). Talvez a lithost a tivesse devorado, talvez só conseguisse viver sobre um regime de insustentável,mas necessária leveza. E relembro então Caio Fernando: "Talvez tudo, talvez nada." . E sei que nem tudo é sobre mim, mas ainda erro os pronomes.