sábado, 22 de março de 2014

"Orfeu apodrece
Luminoso de asas e de vermes" 
Hilda Hilst

Orfeu apodrece,
já não ama
Já não ama Eurídice
e esta dama,
já não lembra seu nome
pois bebe do lethes
e esta água
apaga a chama,
e seu próprio nome,
Eurídice.
Orfeu apodrece,
E a lira que tange
já não canta
E a lira que rasga
belas melodias
Está calada
impossível de amor
Impossível de amor orfeu
se cala
e concluí:
o amor
a lira
o tempo
e o próprio orfeu,

apodrecem.