Pobre de mim que não posso me livrar do sentir. Um segundo que fosse para um centímetro de respiro: Sou toda denúncia, mas arrancaria meus olhos feito édipo, se meus olhares para tí fossem anti-éticos. Peço-te alguma palavra nem que seja por caridade, que mais poderia eu pedir? Se nem em sonhos tu podes ser minha matéria: não ouso sonhar com o que de mais raro em mim habita. Sou culpada por algo que nunca pedi nem premeditei. Nem ouso falar sobre isso, bem sabe-se, é para mim coisa velada, a culpa me roeu por anos e anos, mas tanto corri que dei de frente contigo novamente, nada mais eram que voltas e voltas de longas espirais, que sempre me levariam a ti, como todos os caminhos levam a Roma. E te levaram, eu sei, queria eu que levassem a mim também, queria eu ter vida santa, salvo de toda a miséria do mundo, incluída no mistério...E já que não posso me inspiro em ti, tu és meu respiro do mundo, de mim, não posso me livrar. Meu respiro, minha lembrança, que espera não ser leviana no teu sentir, no teu pensar, mas também espera não ser para ti nenhum pesar, e espera, de alguma forma, ser também tua esperança.