quinta-feira, 23 de junho de 2011

O outono permanece parte 2 (rascunho)

Quando éramos amigos, o outono gostava de me contar quantos pássaros haviam atravessado suas tardes.
Um dia o outono foi embora, e pensei que nunca mais fosse encontrar o outono. Foi quando que ele apareceu pra mim, nítido, tinha em sí uma calma branca, uma melancolia, típica do outono, e descobri, fora um descuido, uma aparição não calculada, desapercebida, por dentre as folhas secas da calçada, e o vento. Não quis avisar ao outono que ele tinha retornado, por que na verdade nunca quis que ele fosse embora, mas o outono não me pertence, o outono é do mundo, é de um algo, esse algo de que lhes havia falado.
Devo lhes confessar agora que menti quando disse que o outono tinha dias e noites de mesma duração. As minhas tardes com o outono duravam anos. E de noite, bem como as botucas, eu sonhava, não com pernas , mas com as tardes que passaria com o outono, até ele ir embora novamente. Menti também quando disse que o outono tinha ido embora repentinamente, eu sempre soube quando iria partir, ele me dizia:

-Hoje quando o sol mergulhar no horizonte, irei partir.

Mas eu nunca quis acreditar que o outono pudesse partir assim, que soubesse me deixar.
Descobri tardiamente que o outono podia ser tão rígido, tão rigoroso quanto o próprio inverno.