sábado, 25 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
domingo, 19 de janeiro de 2014
sábado, 18 de janeiro de 2014
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Soneto da doce queixa
"O que temo é perder o encanto exposto
em teus olhos de estátua, e assim o acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a rosa solitária
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
é não ter a flor, polpa, ou argila à gosto
para o íntimo verme do meu sofrimento.
Se em mim és o tesouro se ocultando,
se és minha cruz e meu pesar molhado,
se sou o cão o teu solar guardando,
não tires o que é meu e me foi dado
e põe sobre teu rio, decorando-o,
folhas do meu outono alucinado."
Frederico García Lorca
Estátua,verme que sou que de nada se alimenta
sem feições de maravilha, nem em carne,
o tempo em todos se dilata, à mercê das lembranças que mais gastam
em tardes e tardes de conversas na varanda.
Estátua-escória impressa na tua memória que é água
universos, cosmos, feitos de água
que é etérea, e vasta
como é este momento, como sou, e o ser.
Contorno-adorno que não clareia, e emudece o quadro
já mudo, que é circunstância da beleza
das coisas não ditas, da palavra impronunciável
em qualquer idioma, em qualquer paladar
Qual chama acende a chama que não pode se apagar?
as formas que nem minha mente consegue manter
da distancia entre meus pensamentos, meus dedos e o papel
de qualquer distância essencial
do que se quer e se pode ver.
em teus olhos de estátua, e assim o acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a rosa solitária
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
é não ter a flor, polpa, ou argila à gosto
para o íntimo verme do meu sofrimento.
Se em mim és o tesouro se ocultando,
se és minha cruz e meu pesar molhado,
se sou o cão o teu solar guardando,
não tires o que é meu e me foi dado
e põe sobre teu rio, decorando-o,
folhas do meu outono alucinado."
Frederico García Lorca
Estátua,verme que sou que de nada se alimenta
sem feições de maravilha, nem em carne,
o tempo em todos se dilata, à mercê das lembranças que mais gastam
em tardes e tardes de conversas na varanda.
Estátua-escória impressa na tua memória que é água
universos, cosmos, feitos de água
que é etérea, e vasta
como é este momento, como sou, e o ser.
Contorno-adorno que não clareia, e emudece o quadro
já mudo, que é circunstância da beleza
das coisas não ditas, da palavra impronunciável
em qualquer idioma, em qualquer paladar
Qual chama acende a chama que não pode se apagar?
as formas que nem minha mente consegue manter
da distancia entre meus pensamentos, meus dedos e o papel
de qualquer distância essencial
do que se quer e se pode ver.
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
domingo, 12 de janeiro de 2014
sábado, 11 de janeiro de 2014
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
As cidades e o Ceú 4 (Perínzia)
“Chamados a ditar as normas para a fundação de Perinzia os astrônomos estabeleceram o lugar e o dia segundo a posição das estrelas, traçaram as linhas cruzadas do decúmano e do cardo orientadas uma como o curso do sol e a outra como o eixo em torno do qual rodam os céus, dividiram o mapa segundo as doze casas do zodíaco de modo que todo templo e todo quarteirão recebesse o justo influxo das constelações oportunas, fixaram o ponto das muralhas no qual abrir as portas prevendo que cada uma enquadrasse um eclipse da lua nos próximos mil anos. Perinzia – asseguraram – teria espelhado a harmonia do firmamento; a razão da natureza e a graça dos deuses haveriam de dar forma aos destinos dos habitantes.
Seguindo com exatidão os cálculos dos astrônomos, Perinzia foi
edificada; gentes diversas vieram povoá-la; a primeira geração dos
nascidos em Perinzia ficaram a crescer entre suas muralhas; e estes, por
sua vez, alcançaram a idade de casar e terem filhos.
Nas ruas e praça de Perinzia todos encontram deformados, anões,
corcundas, obesos, mulheres com barbas. Mas o pior não se vê; urros
guturais se elevam dos porões e dos celeiros; onde as famílias escondem
os filhos com três cabeças ou com seis pernas.
Os astrônomos de Perinzia se encontravam diante de uma difícil escolha:
ou admitir que todos os seus cálculos são equivocados e suas cifras não
conseguem descrever o céu, ou revelar que a ordem dos deuses é
propriamente aquela que se espelha na cidade dos monstros.”
A Cidade e o Desejo (Anastácia)
"A três dias de distância, caminhando em direção ao sul, encontra-se Anastácia, cidade banhada por canais concêntricos e sobrevoada por pipas. Eu deveria enumerar as mercadorias que aqui se compram a preços vantajosos: ágata ônix crisópraso e outras variedades de calcedônia; deveria louvar a carne do faisão dourado que aqui se cozinha na lenha seca da cerejeira e se salpica com muito orégano; falar das mulheres que vi tomar banho no tanque de um jardim e que às vezes convidam — diz-se — o viajante a despir-se com elas e persegui-las dentro da água. Mas com essas notícias não falaria da verdadeira essência da cidade: porque, enquanto a descrição de Anastácia desperta uma série de desejos que deverão ser reprimidos, quem se encontra uma manhã no centro de Anastácia será circundado por desejos que despertam simultaneamente. A cidade aparece como um todo no qual nenhum desejo é desperdiçado e do qual você faz parte, e, uma vez que aqui se goza tudo o que não se goza em outros lugares, não resta nada além de residir nesse desejo e se satisfazer. Anastácia, cidade enganosa, tem um poder, que às vezes se diz maligno e outras vezes benigno: se você trabalha oito horas por dia como minerador de ágatas ônix crisóprasos, a fadiga que dá forma aos seus desejos toma dos desejos a sua forma, e você acha que está se divertindo em Anastácia quando não passa de seu escravo."
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Raíssa ( as cidades ocultas 2)
A vida em Raíssa não é feliz. Pelas ruas as pessoas caminham retorcendo as mãos, imprecam às crianças que choram, encostam-se nos parapeitos do rio com a cabeça apoiada nas mãos, acordam de manhã com um pesadelo e logo começa outro. Nas mesas em que em todos os momentos alguém esmaga os dedos com um martelo ou fura-se com a agulha, ou nas colunas de números negativos dos registros dos comerciantes ou dos banqueiros, ou diante da fila de copos vazios sobre o balcão dos botequins, ainda bem que as cabeças abaixadas poupam os olhares tortos. Dentro das casas é pior, e não é necessário entrar para sabê-lo: no verão as janelas ribombam de brigas e pratos quebrados.
Todavia, em Raíssa, sempre há uma
criança, que da janela sorri para um cão que pulou num alpendre para comer um
pedaço de polenta que caiu das mãos de um pedreiro que do alto do andaime
exclamou: “Minha jóia, tem um pouco pra mim?” para uma jovem hospedeira que ergue um prato de sopa sob a pérgula,
contente de servi-lo ao vendedor de guarda-chuvas que comemora um bom negócio,
uma sombrinha de renda branca comprada por uma grande dama para pavonear-se durante
as corridas, apaixonada por um oficial que lhe sorriu ao saltar do último obstáculo,
que estava feliz mas mais feliz ainda estava seu cavalo, que voava sobre os obstáculos
vendo voar nos céus uma perdiz, pássaro
feliz liberado da gaiola por um pintor feliz de tê-lo pintado pena por pena,
salpicado de vermelho e amarelo na miniatura daquela página do livro em que o
filósofo diz: “Em Raíssa, cidade triste, também corre um fio invisível que, por
um instante, liga um ser vivo ao outro e se desfaz, depois volta a se estender entre
pontos em movimento desenhando rapidamente novas figuras de modo que a cada
segundo a cidade infeliz contém uma cidade feliz que nem mesmo sabe que existe.”
Cidades Invisíveis - Ítalo Calvino
Cidades Invisíveis - Ítalo Calvino
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Que inconfidência é essa??
Agora todo mundo deu pra dizer
(sem colocar os pingos nos is)
Eu to caçando uns poemas pra mandar pro Vinícius.
Ainda quero ver os contos do Nicolas.
Coisa rara, deve ser.
Coincidência isso?
Bom prevenir a sorte,
Édipo não teve duas no mesmo dia.
Bom prevenir o amor:
essa estrombólica insensatez.
Agora todo mundo deu pra dizer
(sem colocar os pingos nos is)
Eu to caçando uns poemas pra mandar pro Vinícius.
Ainda quero ver os contos do Nicolas.
Coisa rara, deve ser.
Coincidência isso?
Bom prevenir a sorte,
Édipo não teve duas no mesmo dia.
Bom prevenir o amor:
essa estrombólica insensatez.
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