"Porém, falar na literatura com a perfeita integridade e despreocupação encontradas nos movimentos dos animais e com o irrepreensível sentimento das árvores na floresta e da relva à beira da estrada é a vitória impecável da arte. Se já contemplastes aquele que o conseguiu, contemplaste um dos mestres dos artistas de todas as nações e de todos os tempo s. Não terás mais prazer em contemplar o vôo da gaivota por sobre a baía ou a ação briosa do cavalo de raça ou a reverência esguia dos girassóis em seus caules ou o surgimento do sol atravessando o firmamento ou o surgimento da lua depois dele do que ao contemplar este mestre. O maior poeta não tem tanto um estilo específico e é mais um canal de pensamentos e coisas sem acréscimo nem diminuição, e é o canal livre de si mesmo. Ele jura à sua arte: Não serei um intruso, não apresentarei em minha escrita qualquer elegância ou efeito ou originalidade que se interponha entre eu e o resto como uma cortina. Não permitirei que nada fique no caminho, nem mesmo a cortinas mais fina. O que eu digo, digo exatamente como é. Deixe quem quiser que exalte ou assombre ou fascine ou lisonjeie, eu terei propósitos como a saúde ou o calor que a neve têm e serei tão indiferente quanto elas em relação à observação. O que eu experimento ou retrato sairá de minha composição sem um fragmento de minha composição. Ficarás do meu lado e olharás no espelho comigo."
Walt Whitman (Prefácio de Folhas de Relva)