quinta-feira, 15 de agosto de 2013
"Nostalghia" - Andrei Tarkovski
"-Qual ancestral fala através de mim?
Eu não posso viver ao mesmo tempo com a minha cabeça e o meu corpo.
Por isso não consigo ser uma só pessoa.
Sou capaz de sentir infinitas coisas ao mesmo tempo.
O grande mal do nosso tempo é não haver mais mestres.
A estrada de nosso coração está coberta de sombras.
Devemos ouvir as vozes que parecem inúteis,
e que no cérebro cheio de coisas aprendidas na escola, no asfalto, na prática assistencial,
e com o zumbido dos insetos que entram na minha orelha.
Precisamos encher os olhos e as orelhas daquelas coisas que existem no início de um grande sonho.
Todos devem gritar que construiremos uma pirâmide,
não importa se não a construiremos!
o que importa é alimentar os desejos.
Temos que tirar a alma de todas as partes, como se fosse um lençol que cobre o infinito
para o mundo ir em frente,
devemos dar as mãos , misturar os sãos dos que são chamados loucos.
Ei vocês! Sãos! o que significa a sua saúde?
Todos os olhos do mundo veem o precipício em que estamos caindo.
A liberdade é inútil se não tem coragem de olhar com os olhos da cara e de comer e beber e dormir conosco.
São os assim chamado sãos que foram os que conduziram o mundo para a catástrofe.
Homem, escute!
Em você, água, fogo,
e depois cinzas.
E os ossos entre as cinzas.
Os ossos e as cinzas.
Onde estão, quando não estão na realidade e nem na minha imaginação?
Faço um novo pacto com o mundo,
que haja sol à noite,
e que neve em agosto,
que as coisas grandes acabem e só fiquem as pequenas.
A sociedade deve se unir novamente e não continuar assim, fragmentada.
Vamos observar a natureza pois a vida é simples.
Devemos voltar ao começo,
ao exato ponto onde pegamos o caminho errado.
Devemos voltar às bases principais da vida,
sem sujar a água.
Que raio de mundo é esse se um louco lhes diz que devo envergonhar-me?
Oh mãe! Oh mãe!
O ar é aquela coisa rápida, que gira em torno da cabeça
e torna mais clara, quando se ri.
Música agora."