sábado, 14 de abril de 2012

Poema do Beco

"Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco." Manuel Bandeira

persistir não dedicar poemas nem escrever bem pois não sei se quero lembrar nem permitir ser lembrada pois o que há de mais triste nas coisas nos objetos é que eles persistem mesmo que a gente não sabe-se lá do amanhã sei que a vida é pouca mesmo que dure muito e persistem os porta-retratos os livros os estojos de maquiagem os cadernos escritos a mão as roupas não há mar suficiente não há mar e isso ela descobriu olhando que se afastava e era isso que ela desconfiava quando sem o tocar era isso que duvidava se existia e persistia  e pendurava os olhos no mar e o fitava porque era pouco pouco pouco e de nada adiantava querer prender o mar nas vistas e assistir o mar que não havia e que era pouco e que ela tentava alcançar com os olhos e não havia mar não havia mar
                                    só havia o beco.