Depois de ter a perna amputada o Coronel ainda havia passado maus bocados: cicatrizava com dificuldade, contraía fortes dores de cabeça e de noite, ardia febrilmente em sua cama. A mulher, deseperada mandou chamar o médico:
-Diga Doutor, não me deixe assim agoniada!
E com um olhar que se misturava entre a pena e o desprezo, ele disse:
- Para este sujeito aí , era melhor ter chamado um agente funerário. Não há nada mais o que fazer Coronel, uma reza forte e uma sangria pra não perder o costume. Dê adeus aos seus mais queridos. Rezo pelo senhor também esta noite.
E o coronel, do alto de seu orgulho ferido tanto ou mais que o próprio corpo revidou:
- Pois pode guardar suas orações Doutor! Que eu não vou dar o luxo da minha morte a ninguém!
E o coronel, do alto de seu orgulho ferido tanto ou mais que o próprio corpo revidou:
- Pois pode guardar suas orações Doutor! Que eu não vou dar o luxo da minha morte a ninguém!
E assim se levantou da cama num pulo magistral caindo em uma perna só e com a mão no peito, disse:
- Ouça bem Doutor, eu hei de me curar, nem que seja pra me vingar de um deus qualquer, hei de me curar , nem que faça pacto com o demônio!
E olhando bem nos olhos dele, triunfou absoluto:
- Porque morrer eu não morro!...Nem se estiver morto!