Tire a faca do peito
e o medo dos olhos
Ponha uns óculos escuros
e saia por aí. Dando bandeira
Tire o nó da garganta
que a palavra corre fácil
sem desculpas nem contornos
Direta: do diafragma ao céu da boca
Tire o trinco da porta
liberte a corrente de ar
Deixe os bons ventos levantarem a poeira
levando o cisco ao olho grande
Tire a sorte na esquina
na primeira cigana ou no velho realejo
Leia o horóscopo e olhe o céu
lembre-se das estrelas e da estrada
Tire o corpo da reta
e o cu da seringa
que malandro é você, rapaz
o lado bom da faca é o cabo
Tire a mulher mais bonita
pra dançar e dance
Dance olhando dentro dos olhos
até que ela morra de vergonha
Tire o revólver e atire
a primeira pedra
a última palavra
a praga e a sorte
a peste, ou o vírus?
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Uma Noite - Afonso Henrique Neto (Poesia marginal ou Geração Mimeógrafo)
o tio cuspia pardais de cinco em cinco minutos.
esta grama de lágrimas forrando a alma inteira
(conforme se diz da jaula de nervos)
recebe os macios passos de toda a família
na casa evaporada
mais os vazios passos
de ela própria menina.
a avó puxava linhas de cor de dentro dos olhos.
uma gritaria de primos e bruxas escalava o vento
escalpelava a tempestade
pedaços de romã podre
no bolor e charco do tanque.
o pai conduzia a festa
como um barqueiro
puxando peixes mortos
nós
os irmãos
jogávamos no fogo
dentaduras pétalas tranças
fotografias cuspes aniversários
e sempre
uma canção
só cal e ossos
a mãe de nuvem parindo orquídeas no cimento.
esta grama de lágrimas forrando a alma inteira
(conforme se diz da jaula de nervos)
recebe os macios passos de toda a família
na casa evaporada
mais os vazios passos
de ela própria menina.
a avó puxava linhas de cor de dentro dos olhos.
uma gritaria de primos e bruxas escalava o vento
escalpelava a tempestade
pedaços de romã podre
no bolor e charco do tanque.
o pai conduzia a festa
como um barqueiro
puxando peixes mortos
nós
os irmãos
jogávamos no fogo
dentaduras pétalas tranças
fotografias cuspes aniversários
e sempre
uma canção
só cal e ossos
a mãe de nuvem parindo orquídeas no cimento.
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Três relatos
Escrever. Como um tolo exercício á mão
tola.
Estacionando meu ego para a tarefa
imperfeita(deveria escrever com meu útero).
Agora os acordes me lembram da última vez, quando as paredes daquela casa
pareciam desproporcionais, as luzes , as conversas..não
importa. Nada dói. Nada fere. Estou seca
da única verdade absoluta.
03 de setembro de 2015
(ecoute a
nouvelle vague)
De
noite uma agulha perfurou meu cérebro. Fiquei surda por um tempo. Ainda
confundo a realidade com o sonho e vice versa. Não gosto mais de canções a não
ser as tristes. Isso aqui não é nenhum mistério. Chega de diversão para vocês.
05 de setembro de 2015
Epifanicamente
dizendo, estou rasa de significados. Mas meu gato me preenche por dentro. (Não
sei porque , mas parece que os pensamentos não estão mais aqui, estão á uma
certa distancia da minha cabeça, por isso me custa um tempo até encontra-los na
minha boca.)
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
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