domingo, 20 de dezembro de 2015
sábado, 12 de dezembro de 2015
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Maio
"Maio já está no final
O que somos nós, afinal
Se já não nos vemos mais
Estamos longe demais
Longe demais
Maio já está no final
É hora de se mover
Pra viver mil vezes mais
Esqueça os meses
Esqueça os seus finais
Esqueça os finais"
O que somos nós, afinal
Se já não nos vemos mais
Estamos longe demais
Longe demais
Maio já está no final
É hora de se mover
Pra viver mil vezes mais
Esqueça os meses
Esqueça os seus finais
Esqueça os finais"
domingo, 29 de novembro de 2015
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Tira-Teima , Bernardo Vilhena (Poesia Marginal ou Geração Mimeógrafo)
Tire a faca do peito
e o medo dos olhos
Ponha uns óculos escuros
e saia por aí. Dando bandeira
Tire o nó da garganta
que a palavra corre fácil
sem desculpas nem contornos
Direta: do diafragma ao céu da boca
Tire o trinco da porta
liberte a corrente de ar
Deixe os bons ventos levantarem a poeira
levando o cisco ao olho grande
Tire a sorte na esquina
na primeira cigana ou no velho realejo
Leia o horóscopo e olhe o céu
lembre-se das estrelas e da estrada
Tire o corpo da reta
e o cu da seringa
que malandro é você, rapaz
o lado bom da faca é o cabo
Tire a mulher mais bonita
pra dançar e dance
Dance olhando dentro dos olhos
até que ela morra de vergonha
Tire o revólver e atire
a primeira pedra
a última palavra
a praga e a sorte
a peste, ou o vírus?
e o medo dos olhos
Ponha uns óculos escuros
e saia por aí. Dando bandeira
Tire o nó da garganta
que a palavra corre fácil
sem desculpas nem contornos
Direta: do diafragma ao céu da boca
Tire o trinco da porta
liberte a corrente de ar
Deixe os bons ventos levantarem a poeira
levando o cisco ao olho grande
Tire a sorte na esquina
na primeira cigana ou no velho realejo
Leia o horóscopo e olhe o céu
lembre-se das estrelas e da estrada
Tire o corpo da reta
e o cu da seringa
que malandro é você, rapaz
o lado bom da faca é o cabo
Tire a mulher mais bonita
pra dançar e dance
Dance olhando dentro dos olhos
até que ela morra de vergonha
Tire o revólver e atire
a primeira pedra
a última palavra
a praga e a sorte
a peste, ou o vírus?
Uma Noite - Afonso Henrique Neto (Poesia marginal ou Geração Mimeógrafo)
o tio cuspia pardais de cinco em cinco minutos.
esta grama de lágrimas forrando a alma inteira
(conforme se diz da jaula de nervos)
recebe os macios passos de toda a família
na casa evaporada
mais os vazios passos
de ela própria menina.
a avó puxava linhas de cor de dentro dos olhos.
uma gritaria de primos e bruxas escalava o vento
escalpelava a tempestade
pedaços de romã podre
no bolor e charco do tanque.
o pai conduzia a festa
como um barqueiro
puxando peixes mortos
nós
os irmãos
jogávamos no fogo
dentaduras pétalas tranças
fotografias cuspes aniversários
e sempre
uma canção
só cal e ossos
a mãe de nuvem parindo orquídeas no cimento.
esta grama de lágrimas forrando a alma inteira
(conforme se diz da jaula de nervos)
recebe os macios passos de toda a família
na casa evaporada
mais os vazios passos
de ela própria menina.
a avó puxava linhas de cor de dentro dos olhos.
uma gritaria de primos e bruxas escalava o vento
escalpelava a tempestade
pedaços de romã podre
no bolor e charco do tanque.
o pai conduzia a festa
como um barqueiro
puxando peixes mortos
nós
os irmãos
jogávamos no fogo
dentaduras pétalas tranças
fotografias cuspes aniversários
e sempre
uma canção
só cal e ossos
a mãe de nuvem parindo orquídeas no cimento.
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Três relatos
Escrever. Como um tolo exercício á mão
tola.
Estacionando meu ego para a tarefa
imperfeita(deveria escrever com meu útero).
Agora os acordes me lembram da última vez, quando as paredes daquela casa
pareciam desproporcionais, as luzes , as conversas..não
importa. Nada dói. Nada fere. Estou seca
da única verdade absoluta.
03 de setembro de 2015
(ecoute a
nouvelle vague)
De
noite uma agulha perfurou meu cérebro. Fiquei surda por um tempo. Ainda
confundo a realidade com o sonho e vice versa. Não gosto mais de canções a não
ser as tristes. Isso aqui não é nenhum mistério. Chega de diversão para vocês.
05 de setembro de 2015
Epifanicamente
dizendo, estou rasa de significados. Mas meu gato me preenche por dentro. (Não
sei porque , mas parece que os pensamentos não estão mais aqui, estão á uma
certa distancia da minha cabeça, por isso me custa um tempo até encontra-los na
minha boca.)
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
terça-feira, 29 de setembro de 2015
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
terça-feira, 8 de setembro de 2015
Mulheres que correm com os lobos - A garota dos palitos de fósforo
Qualquer um que não apoie sua arte, sua vida, não é digno do seu tempo.
Afugentando a fantasia criativa
Essa
criança está num ambiente em que as pessoas não se importam com ela. Se
você está num ambiente desses, saia daí. Essa criança está num meio no
qual o que ela tem, foguinhos em palitos — o início de toda
possibilidade criativa — não é valorizado. Se você estiver numa aflição
semelhante, vire as costas e vá embora. Essa criança está numa situação
psíquica na qual há poucas opções. Ela se resignou ao seu "lugar" na
vida. Se isso aconteceu com você, pare de se resignar e saia.
sábado, 5 de setembro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
domingo, 23 de agosto de 2015
rosas de um fim
Fiquei com pena das flores, que culpa elas tem? Mas hesitei,
entre meu quarto e a rua muitas vezes. Mas o moço tinha me concedido as rosas com tanto cuidado, e me chamou de pura. É uma pena que elas tenham vindo parar no meu quarto. Pelo menos aqui terão o meu cuidado.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
sem profecia
Já fui jaspe, turquesa e ágata fogo, hoje sou água marinha.
Meu temperamento não beira as circunstâncias, mas é melhor
assim.
Cartas, mostrem-me o
futuro, o que virá
se mais transmutação que esta paz,
ou se mais lunar.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
segunda-feira, 20 de julho de 2015
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Fibrilações - Adélia Prado
Tanto faz
funeral ou festim
tudo é desejo
que percute em mim.
Ó coração incansável a ressonância das coisas,
amo, te amo, te amo,
assim triste, ó mundo,
ó homem tão belo que me paralisa.
Te amo, te amo.
E uma língua só,
um só ouvido, não absoluto.
Te amo.
Certa erva do campo tem as folhas ásperas
recobertas de pelos,
te amo, digo desesperada
de que outra palavra venha em meu socorro.
A relva estremece, o amor para ela é aragem.
funeral ou festim
tudo é desejo
que percute em mim.
Ó coração incansável a ressonância das coisas,
amo, te amo, te amo,
assim triste, ó mundo,
ó homem tão belo que me paralisa.
Te amo, te amo.
E uma língua só,
um só ouvido, não absoluto.
Te amo.
Certa erva do campo tem as folhas ásperas
recobertas de pelos,
te amo, digo desesperada
de que outra palavra venha em meu socorro.
A relva estremece, o amor para ela é aragem.
domingo, 12 de julho de 2015
Natal - Fernando Pessoa
"Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.
Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo Deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto."
Fernando Pessoa
"Já repeti o antigo encantamento,
E a grande Deusa aos olhos se negou.
Já repeti, nas pausas do amplo vento,
As orações cuja alma é um ser fecundo.
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo.[...]"
E a grande Deusa aos olhos se negou.
Já repeti, nas pausas do amplo vento,
As orações cuja alma é um ser fecundo.
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo.[...]"
Fernando Pessoa
"NESTA vida, em que sou
meu sono,
Não sou meu dono,
Quem sou é quem me ignoro e vive
Através desta névoa que sou eu
Todas as vidas que eu outrora tive,
Numa só vida.
Mar sou; baixo marulho ao alto rujo,
Mas minha cor vem do meu alto céu,
E só me encontro quando de mim fujo.[...]"
Não sou meu dono,
Quem sou é quem me ignoro e vive
Através desta névoa que sou eu
Todas as vidas que eu outrora tive,
Numa só vida.
Mar sou; baixo marulho ao alto rujo,
Mas minha cor vem do meu alto céu,
E só me encontro quando de mim fujo.[...]"
sexta-feira, 10 de julho de 2015
segunda-feira, 6 de julho de 2015
segunda-feira, 1 de junho de 2015
sábado, 30 de maio de 2015
sábado, 23 de maio de 2015
A paz do fim
Me desespera
Não se vá assim
Quem te desespera sou eu
Que eu só quero te livrar de mim
Então você desiste e me diz adeus
E nem percebe que eu
Já não estou aqui
Vá com cuidado, fique com Deus
Sabe, eu desejo que você encontre
Logo, logo, logo, logo
A paz do fim
A paz do fim
A paz do fim
A paz do fim
Ana Larousse
Não se vá assim
Quem te desespera sou eu
Que eu só quero te livrar de mim
Então você desiste e me diz adeus
E nem percebe que eu
Já não estou aqui
Vá com cuidado, fique com Deus
Sabe, eu desejo que você encontre
Logo, logo, logo, logo
A paz do fim
A paz do fim
A paz do fim
A paz do fim
Ana Larousse
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Faz
Traz o teu amor
Me encanta o teu amor
Ameno
Nisso eu acredito mais que tudo
Traz o teu amor
Me empresta o teu amor
Queremos
Todo mundo gosta mais que tudo
Vivo o teu amor
Só quero o teu amor
Sem falta o teu amor
E além do teu amor
Você ao infinito pra mim
Ao infinito
Ao infinito pra mim
Ao infinito
Ao infinito pra mim
Leva o meu amor
Tempera o meu amor
Veneno
Bate e vê se deixa mais enxuto
Leva o meu amor
Estraga o meu amor
Veremos
Quebra e vê se deixa mais enxuto
Deixa o meu amor
Não quero o meu amor
Vai, mate o meu amor
E além do meu amor
A mim
Que eu me demito por fim
Que eu me demito
Que eu me demito por fim
Que eu me demito
Que eu me demito por fim
Phil Veras e Ana Larousse
Me encanta o teu amor
Ameno
Nisso eu acredito mais que tudo
Traz o teu amor
Me empresta o teu amor
Queremos
Todo mundo gosta mais que tudo
Vivo o teu amor
Só quero o teu amor
Sem falta o teu amor
E além do teu amor
Você ao infinito pra mim
Ao infinito
Ao infinito pra mim
Ao infinito
Ao infinito pra mim
Leva o meu amor
Tempera o meu amor
Veneno
Bate e vê se deixa mais enxuto
Leva o meu amor
Estraga o meu amor
Veremos
Quebra e vê se deixa mais enxuto
Deixa o meu amor
Não quero o meu amor
Vai, mate o meu amor
E além do meu amor
A mim
Que eu me demito por fim
Que eu me demito
Que eu me demito por fim
Que eu me demito
Que eu me demito por fim
Phil Veras e Ana Larousse
quarta-feira, 20 de maio de 2015
conversa com a pedra
Por Wisława Szymborska
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Quero penetrar no teu interior,
olhar ao redor,
prender-te como a respiração.
– Sai – diz a pedra.
Sou hermeticamente fechada.
Mesmo quebradas em pedaços
vamos ficar hermeticamente fechadas.
Mesmo trituradas em grãos
não vamos deixar ninguém entrar.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Venho por curiosidade pura.
A vida é a única ocasião para ela.
Pretendo passear pelo teu palácio,
e depois visitar a folha e a gota dӇgua.
Não tenho muito tempo para tanto.
Minha mortalidade deveria te comover.
– Sou de pedra – diz a pedra –
e sou obrigada a manter a seriedade.
Sai daqui.
Não tenho os músculos do riso.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Ouvi dizer que em ti há grandes salas vazias,
nunca vistas, inutilmente lindas,
surdas, sem eco de passos de quem quer que seja.
Reconhece, tu mesma não sabes muito sobre isto.
– Salas grandes e vazias – diz a pedra –
mas nelas lugar não há.
Lindas, talvez, mas além do gosto
de teus pobres sentidos.
Podes me conhecer, mas me provar nunca.
Com toda a minha superfície me volto para ti,
mas com todo o meu interior te dou as costas.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Não busco em ti um refúgio para a eternidade.
Não sou infeliz.
Não estou desabrigada.
Meu mundo é digno de retorno.
Vou entrar e sair com as mãos vazias.
E como prova de que realmente estive pre sente,
não vou mostrar nada além de palavras
às quais ninguém dará fé.
– Não vais entrar – diz a pedra –
Falta a ti o sentido da participação.
Nenhum sentido substitui o sentido da participação.
Mesmo a visão elevada até à clarividência
não serve para nada sem o sentido da participação.
Não vais entrar, tens apenas uma noção deste sentido,
apenas o seu germe, sua imagem.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Não posso esperar dois mil séculos
para entrar debaixo do teu teto.
Se não crês em mim – diz a pedra –
Dirige-te à folha, ela te dirá o mesmo que eu,
e à gota d”água, que te dirá o mesmo que a folha.
Por fim pergunta aos fios de teu próprio cabelo.
Um riso se alarga em mim, um riso, um riso enorme,
que eu não sei rir.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
– Não tenho porta – diz a pedra.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Quero penetrar no teu interior,
olhar ao redor,
prender-te como a respiração.
– Sai – diz a pedra.
Sou hermeticamente fechada.
Mesmo quebradas em pedaços
vamos ficar hermeticamente fechadas.
Mesmo trituradas em grãos
não vamos deixar ninguém entrar.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Venho por curiosidade pura.
A vida é a única ocasião para ela.
Pretendo passear pelo teu palácio,
e depois visitar a folha e a gota dӇgua.
Não tenho muito tempo para tanto.
Minha mortalidade deveria te comover.
– Sou de pedra – diz a pedra –
e sou obrigada a manter a seriedade.
Sai daqui.
Não tenho os músculos do riso.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Ouvi dizer que em ti há grandes salas vazias,
nunca vistas, inutilmente lindas,
surdas, sem eco de passos de quem quer que seja.
Reconhece, tu mesma não sabes muito sobre isto.
– Salas grandes e vazias – diz a pedra –
mas nelas lugar não há.
Lindas, talvez, mas além do gosto
de teus pobres sentidos.
Podes me conhecer, mas me provar nunca.
Com toda a minha superfície me volto para ti,
mas com todo o meu interior te dou as costas.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Não busco em ti um refúgio para a eternidade.
Não sou infeliz.
Não estou desabrigada.
Meu mundo é digno de retorno.
Vou entrar e sair com as mãos vazias.
E como prova de que realmente estive pre sente,
não vou mostrar nada além de palavras
às quais ninguém dará fé.
– Não vais entrar – diz a pedra –
Falta a ti o sentido da participação.
Nenhum sentido substitui o sentido da participação.
Mesmo a visão elevada até à clarividência
não serve para nada sem o sentido da participação.
Não vais entrar, tens apenas uma noção deste sentido,
apenas o seu germe, sua imagem.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
Não posso esperar dois mil séculos
para entrar debaixo do teu teto.
Se não crês em mim – diz a pedra –
Dirige-te à folha, ela te dirá o mesmo que eu,
e à gota d”água, que te dirá o mesmo que a folha.
Por fim pergunta aos fios de teu próprio cabelo.
Um riso se alarga em mim, um riso, um riso enorme,
que eu não sei rir.
Bato à porta da pedra.
– Sou eu, deixa-me entrar.
– Não tenho porta – diz a pedra.
terça-feira, 19 de maio de 2015
sábado, 16 de maio de 2015
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Um lance de dados - Mallarmé
JAMAIS
MESMO ATIRADO EM CIRCUNSTÂNCIAS ETERNAS
DO FUNDO DUM NAUFRÁGIO
PORQUE
o Abismo
Branco
se expõe
furioso
sob uma inclinação
desesperadamente plana
d’ asa
a sua
recaída prévia dum mal de se erguer no voo
cobrindo os impulsos
cortando rente os ímpetos
no âmago se resume
a sombra que se afunda nas profundas nessa alternativa vela
para adaptar
a tal envergadura
as suas horríveis profundas como o arcaboiço
duma construção
que balança dum lado
para o outro
O MESTRE
emerge
inferindo
dessa conflagração
que se
como uma ameaça
o único Número que não pode
hesita
cadáver descartado
em lugar
de jogar
como um velho maníaco
a partida
em nome das marés
um
naufrágio assim
livre dos antigos cálculos
esquecido o manobrar com a idade
outrora ele empunhava o leme
a seus pés
num horizonte unânime
prepara
se agita e se envolve
no punho que o ligará
ao destino dos ventos
ser um outro
Espírito
para o Lançar
na tempestade
e redobrar a divisão e passar altivo
pelo braço do segredo que encerra
invadiu o comandante
correndo pela barba submersa
vindo do homem
sem nau
insignificante
onde será vão
ancestralmente abrir ou não a mão
crispada
além duma cabeça inútil
legada em desaparição
a alguém ambíguo
imemorial ulterior demónio
nos seus lugares do nada
induz
o ancião a essa conjunção suprema com a probabilidade
o tal
da sombra pueril
acariciada e polida aparada e lavada
amaciada pela onda e afastada
dos ossos duros perdidos em bocejos
nascido
dum descuido
jogando o mar por antepassado ou o antepassado contra
o mar
numa sorte ociosa
São núpcias
da qual a ilusão é uma vela solta obcecada
com o fantasma dum gesto
que oscila até cair
na loucura
NÃO ABOLIRÁ
TAL COMO
Uma insinuação
ao silêncio
em algo próximo
esvoaça
simples
envolta em ironia
ou
precipitado
uivado
mistério
dum turbilhão hilariante e horrível
em redor do abismo
sem nele se fixar
nem fugir
a embalar todo o indício virgem
TAL COMO
perdida solitária pena
Salvo
quando o encontro ou o aflorar do toque
da meia-noite a deixa
imóvel
no veludo amarrotado por um riso sombrio
essa brancura rígida
irrisória
que se opõe ao céu
demasiado
para que não deixe marcas
exíguas
em qualquer
amargo príncipe de escolhos
e que disso se enfeita como de irresistível
heroísmo que sabe contido
pela sua curta e viril razão
em cólera
inquieto
expiatório e púbere
calado
A lúcida e senhorial crista
na fonte invisível
cintila
e depois sombreia
uma estatura gentil e tenebrosa
na sua torção de sereia
através de impacientes escamas
Riso
que
Se
de vertigem
de pé
o tempo
de esbofetear
bifurcadas
numa rocha
falsa mansão
evaporada na bruma
que impôs
fronteiras ao infinito
ERA
de origem estelar
Ou SERIA
pior
nem mais
nem menos
indiferentemente
mas tanto
O NÚMERO
SE EXISTISSE
diverso da alucinação esparsa da agonia
COMECASSE OU FINDASSE
ensucedor e não negado e preso quando aparecesse
enfim
através duma profusão ampliada e rara
SE CONTASSE
Como evidência da soma pouca uma
SE ILUMINASSE
O ACASO
Cai
a pena
rítmica suspensa do sinistro
para se afundar
na espuma original
recente onde explode o delírio até ao cimo
desvanecido
pela neutralidade idêntica do abismo
NADA
da memorável crise
em que teve lugar
o acontecimento
havido em vista de qualquer
resultado nulo
humano
TERÁ TIDO LUGAR
uma simples ascensão na direcção
da ausência
SENÃO O LUGAR
inferior marulhar como
para dispersar um acto vazio
abruptamente
e
através da mentira
decidir
a sua perdição
nestas paragens
do vago
em que toda a realidade se dissolve
EXCEPTO
a altitude
TALVEZ
tão longe como
o lugar
que com o além se funde
longe do interesse
que em geral se lhe assinala
segundo esta obliquidade ou aquela
delectividade
de fogos
para esse lugar que deve ser
o Setentrião também chamado Norte
UMA CONSTELAÇÃO
arrefece no olvido e no desuso
mesmo que ela enumere
em qualquer vaga e superior superfície
o choque sideral e sucessivo
do cálculo total em formação
velando
duvidando
brilhando e meditando
antes de se deter
em qualquer ponto derradeiro que o sagra
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