sexta-feira, 27 de junho de 2014

"Pois agora ele estava desperto e bem sabia
Que ninguém é poupado nunca, exceto em sonhos.
Mas havia algo mais que o pesadelo distorcera -
Mesmo o castigo era humano e uma forma de amor."

W.H. Auden

E cada qual, no cárcere de si mesmo, está quase convencido de ser livre.

W.H. Auden

Ontem o cálculo da sombra em regiões solares. Hoje porém a luta.

W. H. Auden
Era tarde quando chegara à casa, mas ainda se encontrava aberta.
-Trouxeste a chave? perguntou-me.
-Eu imaginava lhe pedir o mesmo, eu respondi.
Me olhando ainda de cima a baixo ele me disse:
- Se tu não trouxeste a tua chave, como pretende encontrar o segredo?

domingo, 22 de junho de 2014

"Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara."

Eduardo Galeano
as marcas que eu não fiz em mim, são as marcas que eu mais carrego comigo. Elas são o que eu sou.


quarta-feira, 11 de junho de 2014

"Desafiado o destino, tudo será destino"

Já dizia Sófocles.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Quando na fogueira, eu me transformo:
eu sou o próprio fogo.

domingo, 8 de junho de 2014


Canto à imagem que se vai da areia, dos índios do novo México

"Para que eu me cure,
o feiticeiro pintou,
no deserto, tua imagem:
teus olhos são de areia dourada,
de areia vermelha é agora tua boca,
de areia azul são teus cabelos
e minhas lágrimas são de areia branca.
Todo o dia pintou.
Crescias como uma deusa
sobre a imensidão da tela amarela.
O vento da noite dispersará a tua sombra
e as cores da tua sombra.
Segundo a lei antiga, nada me restará.
Nada, a não ser o resto de minhas lágrimas,
areias de prata."

















 Eduardo Galeano - Memória do fogo

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Quando chega aos lábios: morte certa,
nunca o gesto alcança a minha mão.

Senhor Cidadão - Tom zé

"Senhor cidadão
senhor cidadão
Me diga, por quê
me diga por quê
você anda tão triste?
tão triste
Não pode ter nenhum amigo
senhor cidadão
na briga eterna do teu mundo
senhor cidadão
tem que ferir ou ser ferido
senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
que vida amarga.

Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?

Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantas mortes no peito,
com quantas mortes no peito
se faz a seriedade?

Senhor cidadão
senhor cidadão
eu e você
eu e você
temos coisas até parecidas
parecidas:
por exemplo, nossos dentes
senhor cidadão
da mesma cor, do mesmo barro
senhor cidadão
enquanto os meus guardam sorrisos
senhor cidadão
os teus não sabem senão morder
que vida amarga

Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?

Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
se a tesoura do cabelo
se a tesoura do cabelo
também corta a crueldade

Senhor cidadão
senhor cidadão
Me diga por que
me diga por que
Me diga por que
me diga porque"