domingo, 10 de março de 2013


Evídio, se você soubesse o quanto eu sinto sua falta, o mundo parecia mais razoável quando te via, parecia mais certo. Não tinha ainda, as bolhas no estômago, não importa bem as ordens, o passado ou futuro, o mundo era outro. Minha alegria era ver Evídio, e passar por fora dos seus muros  a contemplar, e escrevia coisas como “ Ainda que fossemos inteiros” , e gostava de rimar, e de sair andando por aí procurando coisas pequenas para admirar ou para sentir. Evídio estava no centro do mundo e era eterno, a qualquer um que eu dissesse isso pareceria louca, mas não importa, só eu conheci Evídio, só eu sabia que ele estava no centro do mundo, e que governava sozinho todos os tempos,  sentado em sua cadeira sem balanço, que nem vento não alcançava,  com a boina na cabeça ; Eu gostava quando éramos puros, mas Evídio eu sei, eu sei que sempre fora puro, que jamais tinha errado, todos os seus erros ficaram para mim, em mim.  Evídio, por onde andas? Por quais veredas celestiais? Canto o mesmo lamento de Orfeo, minha dor, nem as tragédias mais gregas alcançam, meu abandono,  bem maior que cem anos de solidão, meu tédio, minha descrença, nem Fernando Pessoa. O que então? Minha loucura, essa coisa de queimar fósforos, engolir pílulas, engolir mais pílulas para curar as pílulas, a cura que não cura. De onde estou parece não haver saída, eu não sinto a saída, acho que foi isso, desde que evidio se foi o mundo desmoronou, foi assim que tudo começou.