sábado, 16 de fevereiro de 2013

Quem dera tudo fosse feito de "inebriantes instabilidades", mas ao que parece nesse balanço entre inquietações definidas e indefinidas tudo muda, e o que era importante a princípio já não o é ao final. Mudam as circunstâncias, e de que valem as lembranças? Elas nos mastigam, elas nos corroem, já dizia a Lithost, esse seu passado a que não pertenci, já dizia o futuro do pretérito; enquanto isso eu fico pensando em três ou quatro tempos verbais ao falar com você, o que se torna cansativo para mim, e cansativo para mim é sonhar sozinho, ou sonhar dobrado, é ter que requerer a uma burocracia de cuidados que só servem para mim e para mais ninguém. E logo logo tudo passará, e dará lugar para outra inquietação sem nome destas, as quais, também não sei resolver. 
Tenho ainda comigo: Freud, Nietzsche, Skinner e seus ratos, filosofias orientais e nem sei, nem sei por onde ir,só penso que esta dor deve pertencer a mais de uma vida, uma, duas, três mil vidas e parece que será sempre assim, por todas essas minhas vidas, a partir desta mesmo de agora, pois não me lembro de nenhuma outra. 
...ela me corta com seus gestos, ela me mata me deixando tocá-la, me machuca com a pior das navalhas, e o nosso fim é pintado de vermelho, vermelho feito os lábios dela. Skinner me faria pintar tudo de verde, disfarçar as tristezas, ela me castiga com seu vermelho. A moça do outro quarto faz um grito rouco e eu não sei se de susto ou de emoção, de prazer , dor ou descontentamento e ela parece não se importar ou pinta de verde o seu vermelho. Eu grito a partir do meu estômago, e ouso dizer que todo amor se resume a isso. A fisiologia não mente para mim, aliais , me denuncia e eu penso em soluções mais amenas, eu continuaria mentindo, a não ser que finalmente desistisse de tudo e então, eu mentiria de vez.