"[...] Como se atormentavam, como tinham medo, como era ingênuo e puro seu amor e como ( já percebe, Nástienka) as pessoas eram más! E será, meu Deus, que ele não a encontrou depois, longe das fronteiras de sua pátria, sob um céu estrangeiro, meridional, caloroso, na maravilhosa cidade eterna, no esplendor de um baile, ao som da música, num palazzo (sem dúvida, num palazzo), afogado num mar de chamas, nesse balcão coberto de mirto e rosas, onde ela, ao reconhecê-lo, tirou depressa sua máscara e, depois de sussurrar "Estou livre", começou a tremer e lançou-se aos braços dele gritando de entusiasmo; e , apertados um contra o outro, num instante esqueceram a dor, a separação, todos os tormentos, a casa sombria, o velho, o jardim lúgubre na pátria distante e o banco no qual ela, com um último beijo apaixonado, escapara de seus braços dormentes numa angústia cruel... [...]"
Dostoiévski