segunda-feira, 28 de novembro de 2022

CHEGA! Dei um basta.
Qualquer possibilidade se tornou uma impossibilidade diante dela
Veio chutar cachorro morto?

Engraçado que depois disso me senti ligeiramente mais forte
Ou talvez fossem efeitos dos remédios
Não dá pra ter certeza de nada hoje em dia
Eu olhei o teto com mofo e pela primeira vez pensei: "é bonito" , "parece um céu nublado" 
Esse ser que co-habita minha casa e envenena meus pulmões assim como a minha bisavó finalmente me conquistara
Agora eu nem olhava a parte que a muito custo eu tentava limpar, eu realmente parecia ter aceitado

Uma nova perspectiva

(Continua)
Eu ouvi uma voz
Parecia estar vindo de dentro do ralo
Parecia um choro talvez um murmúrio
Depois Parecia Brincadeiras
Depois começou a ficar estranho então me levantei
Eu juro que minha pequena vizinha Parecia ter saído direto de Gesang der Jungline de Karl Stockhausen
Eu queria fechar a porta do banheiro e trancar pra sempre aquela insana melodia!
Pensei que a morte deve ser parecida com a água
O silêncio da água
Pensei ,ela deve ter me ouvido nos dias difíceis...
Pensei na explicação dos seus pais
Desenhei o gato hoje
Ele é bom em ser uma estátua
Eu é que sou má desenhista
Pensei: eu reclamo tanto do vazio, mas gosto tanto de imaginar a m como vazio..
Seilá
Eu devia me encher de coisas
A eternidade
Ninguém merece ficar acordada esse tempo todo
Eu devia me encher de coisas
Eu só não sei o quê
E parece tanto esforço
Talvez seja aquilo novamente
E você sabe como sair disso ou mais ou menos
Mas agora eu não me sinto preparada pra mais ninguém
Terapia em dia sabe?
Ou terapia todo dia o dia todo
E a carne fez-se verbo a cura pela fala o troço todo
É que parece que eu vou direto pra fase de depressão
Nem dou espaço para outros possíveis estágios
Eu não vou dizer que ela me destruiu
Eu já estava aos frangalhos e ela me deu carinho
E parecia que me amava
E as vezes sem querer ou querendo me sufocava
Pelo menos o mal está vencido!
Mas de outra maneira ,o bem também!








Eu não sei fazer as coisas durarem
Estive analisando, 
as situações são sempre diferentes,
 mas o resultado é sempre o mesmo

Eu não sei fazer as coisas durarem
Eu não sou tão resistente 
Eu não tenho sangue de barata
E se o amor for isso eu

só não posso ser

E essa leveza insustentável que o vazio me dá
É por hora tudo que eu tenho

É toda a minha existência 

domingo, 27 de novembro de 2022

do quarto de despejo 2

"[...] O senhor Dario ficou horrorizado com a primitividade em que eu vivo. Ele olhava tudo com assombro. Mas ele deve aprender que a favela é o quarto de despejo de São Paulo. E que eu sou uma despejada."

Carolina Maria de Jesus 

do quarto de despejo

"O gato é um sábio. Não tem amor profundo e não deixa ninguém escravisá-lo. E quando vai embora não retorna, provando que tem opinião."

Carolina Maria de Jesus

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 Não deu nem tempo de falar do barco


Não deu nem tempo de falar dele lá a deriva


Do vento nos afastando pouco a pouco


Do silêncio que o vento provoca


Tanto faz


Tanto faz


No final somos sempre eu e ele

O vazio

terça-feira, 8 de novembro de 2022

"Por fora bela viola,por dentro pão bolorento"

Esse seria o tema em questão, mas a verdade é que nem fui tão bela viola, mas talvez por muito tempo já , pão bolorento, assim de mesma estrutura a minha casa, meia casa meio trabalho, a parte de fora bonita, mas mais de perto , o mofo por todo teto, que eu respiro diariamente, já invadindo a parede atrás do armário, e eu numa tentativa inútil de embelezar o feio, como um feio arrumadinho, e esse problema se arrastando e se arrastando, e puxando outro problema atrás dele. "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento" eu nunca gostei dessa expressão e deve ser justamente porque eu me identificava, desde o primeiro dia em que a ouvi, assim, por acaso.