quarta-feira, 19 de outubro de 2016

"-Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que Narciso era belo. Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, minha própria beleza refletida." Oscar Wilde

Mas agora não há, nem lago, nem Narciso. Tudo morre no confuso mundo. Tudo morre , sem se importar.

"Minha mão está suja.
Preciso cortá-la.
Não adianta lavar.
A água está podre.
Nem ensaboar.
O sabão é ruim.
A mão está suja,
suja há muitos anos.

A princípio oculta
no bolso da calça,
quem o saberia?

[...]

E vi que era igual
usá-la ou guardá-la.
O nojo era um só."

Carlos Drummond de Andrade